A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE TRANSGÊNERO E AS IMPOSIÇÕES DA MATRIZ SOCIAL BINÁRIA E CISNORMATIVA
DOI:
https://doi.org/10.35919/rbsh.v36.1255Palavras-chave:
Identidade, Socialização, Norma SocialResumo
A identidade de gênero é uma formação contínua influenciada pela cultura e pelas condições sociais, refletindo transformações e abordagens culturais. O objetivo do estudo é identificar os aspectos intrínsecos ligados ao processo de construção identitária da pessoa transgênero. A partir disso, configurou-se como pesquisa qualitativa, entrevistando 14 transgêneros, com idades entre 19 e 30 anos, residentes no município de Mossoró, Rio Grande do Norte. Utilizou-se de uma entrevista semiestruturada, composta por questionário sociodemográfico e perguntas direcionados à (re)construção da identidade transgênero. Os dados coletados foram analisados a partir da técnica hermenêutico-dialética. Nos resultados, notou-se que o conceito de gênero é amplamente percebido como uma construção social pertencente a um sistema binário e cisnormativo. O processo de transexualização é descrito como um percurso de autorreconhecimento e apropriação das próprias vivências, em que as pressões e imposições sociais se tornam mais evidentes e regulatórias. Ademais, evidenciaram-se as perdas e privações enfrentadas pelas pessoas trans durante a transição identitária. A imposição social binária é constantemente reafirmada, resultando em sofrimento psíquico e perdas significativas durante o processo de transição identitária. A pressão para se encaixar nos padrões de gênero leva ao policiamento e vigilância dos corpos, perpetuando a violência e o controle social sobre a identidade de gênero.
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